Gosto dos altos saltos dos homens lá da terra.
Em garota deslumbrava ao vê-los saltar colados à longa haste,
Que guerra!
Como se elevavam lentamente
Como se desenrolavam ...
Como se estiravam,
Perfilados, conquistavam os céus espichados... a trave
elevada, que contornavam numa vénia próxima respeitosa e deferente.
De repente,
Tombava grave, real... e voltava com eles até subir perto
d’abóbada ‘borial’.
E voltava...
A cair e a subir... àqueles ares que se tomam lá na terra quando
se enfiam nos altos saltos.
Andam, cabisbaixos, coitados, arreliados com as bases dum
pantufar, dum arrastar, dum caminhar quotidianos...
Têm razão os pequenos!
Que beleza têm os medianos?
O segredo esconde uma sólida fundação,
Uma boa e bela estrutura dá outro fluir à vida, outra
abertura.
Nas bases desocultam outra energia.
Movem-se com simpatia.
No fundo dos altos saltos, residem a elegância, a beleza, a
fascinação,
Como brotam dos torrões, garridos, frágeis, floridos as
papoilas na canção?
E à priori? Quantas bolhas na luta, dos calos, dos pensos rápidos,
das dores e dos odores da labuta, dos pés em equilíbrio, das torcedelas, das
unhas cravadas,
Horas de caminhadas...
Das carências, das resistências, dos escolhos, das
existências raladas.
Os homens lá da terra pregam palavras e olhos donde tudo
brota.
De saltos altos, misturam, masculino e feminino. Na mesma,
bota!
Ó saltos altos, ó incubadoras de nozes variadas
Misturadoras de baixos altos e de altos baixos
Elevadores desequilibrados da sobrevivência
Preocupem-se com os saltos altos.
Calcem-se, com impaciência!
Assentem bem os pés na terra,
Sintam-na fofa, nas plantas, aquela comichão louca... e saltemos
alto, companheiros!
À vara, tripliquemos em comprimento, em altura,
Bottem-up, que do pequeno explode a bravura.
E bottem sempre!
Maria Clara C’Ovo
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