sexta-feira, 15 de maio de 2015

MUSÁGETA

Entoo-te, em langor, odes, cantatas,
Abandonam-me alentos condicionados,
Vigores lassos, limitados,
Êxtases de consentidas heterodoxias.
E teço ideias em emaranhados espasmos.
Repentinas heresias,
Onde me estimulas em ardores estafados,
Inspirações de gozo íntimo, vãs alegrias.
Mas evado-te, infrinjo-te submissa.
Porque me cinzelas dependente?
A mim, Sara, moldas-me zíngara,
Diviciosa e carente,
Soberana sem reino, nem missão.
Exilas-me prisioneira de lutas e vitórias vácuas.
Ò Apolo, porque com tua lira me alegras?
Ò Deus desse sol distante e próximo.
Onde em verdade me jorro nas tuas chamas.
Purificação?
Poética?
Ansia profética!

Maria Clara C’Ovo.

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